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Sáb. Nov 2nd, 2024
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Prescrição inadequada e automedicação são alguns dos fatores que fortalecem as bactérias. Anvisa registra quase 10 mil casos em 2012.
 

É procedimento de guerra biológica. Quando as bactérias desenvolvem resistência a antibióticos, as principais armas da batalha são água e sabão.
 
“Elas têm facilidade de adesão a superfícies. Consequentemente, a higienização, a limpeza, é o único meio eficaz de erradicá-las”, ensina o médico infectologista Hugo Noal.
 
Em Chapecó, Santa Catarina, há duas semanas o Hospital Regional do Oeste descobriu que dois pacientes graves da UTI, que vieram de outros hospitais da região, estavam contaminados com uma superbactéria. Rapidamente, testou os outros que estavam ou estiveram na UTI.
 
“Foram realizados mais de 200 exames microbiológicos, para que a gente possa separar aqueles que estão colonizados pelo germe”, conta Noal.
 
Nessa varredura, mais seis pacientes contaminados foram isolados. Quatro tiveram alta nos últimos dias.
 
O perigo aqui é a Acinetobacter baumanii. Em pessoas saudáveis, ela não causa infecção. Mas em doentes que estão com o sistema imunológico enfraquecido, internados em UTI, que respiram por aparelhos, podem causar infecção generalizada.
 
Em Fortaleza, no Ceará, a mesma bactéria resistente contaminou a UTI do  Hospital Messejana. A Acinetobacter agravou o quadro de saúde de sete pacientes, e eles morreram. Um infectado continua em observação. 
 
Uso indiscriminado de antibióticos preocupa
Só em 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, registrou quase 10 mil casos de bactérias resistentes a remédios nas UTIs do país.
 
Já foram encontradas aqui todas as bactérias que constam de um alerta da Organização Mundial da Saúde: elas provocam de pneumonia e diarreia até a gonorreia, uma doença sexualmente transmissível. A OMS afirma que o uso indiscriminado de antibióticos pode levar a um retrocesso.
 
Fantástico: A gente pode voltar no tempo e ficar sem antibiótico para combater infecção, com criança morrendo por penumonia?
 
Alberto Chebabo, presidente da Sociedade de Infectologia do RJ: A gente hoje tem infecções em que não consegue tratar com antibiótico, a gente voltou a era pré-antibiótico em 1950. E existe uma grande chance, de nos próximos 10, 15 anos, se nada for feito, a gente perder esses antibióticos para tratamento de várias infecções, de várias bactérias resistentes.
 
Denise teve uma infecção no seio, chamada de mastite, logo depois que o primeiro filho nasceu. “Eram dores horríveis, direto. Fiquei mais de um mês tomando antibiótico e não fazia efeito nenhum”, conta ela.
 
Não fazia efeito porque a bactéria era resistente a antibióticos. Identificada a bactéria, ela teve que fazer uma cirurgia e remover todo o pedaço infectado na mama. Denise ficou completamente curada. E pôde amamentar o segundo filho.
Como as bactérias ficam tão fortes
 
Mas como essas bactérias ficam tão fortes? A primeira causa é o uso exagerado de antibióticos. Trilhões de bactérias circulam no corpo humano. Estão na pele, em todos os órgãos. 
 
No intestino, por exemplo, ajudam na digestão. Elas só provocam doenças se a pessoa fica com a imunidade baixa. Há também bactérias que podem fazer mal, nos objetos, nos alimentos, na água contaminada.
 
Quando a gente toma antibiótico, todas as bactérias, boas e ruins, diminuem. As mais frágeis morrem primeiro. Se o tratamento é interrompido antes do prazo, as bactérias mais fortes continuam lá – e ficam mais perigosas, porque nelas, o antibiótico não fará mais efeito.
 
“Então a bactéria pode ter resistência a um antibiótico, a dois antibióticos, ou a vários antibióticos e se tornar uma bactéria difícil de tratar”, explica Chebabo.
Como acontece a reprodução das bactérias
 
A reprodução das bactérias é assexuada e muito rápida. A cada 20 minutos, mais ou menos, uma bactéria se divide em duas. Mas a ausência de sexo não quer dizer que não haja interação entre elas. 
 
Quando estão próximas umas das outras, as bactérias, mesmo que sejam de espécies diferentes, trocam uma espécie de aperto de mãos. E nessa interação, há troca de material biológico. Pode ser transferido o DNA de uma para outra, e também a resistência adquirida a antibióticos.
Pacto da sociedade para buscar a proteção
 
Fantástico: Como é que a gente se protege?
Alberto Chebabo, infectologista: Na realidade a gente precisa de um grande pacto, na sociedade, para reduzir a utilização de antibiótico. 
 
Esse pacto tem que passar pelos médicos, obviamente, para reduzir a prescrição inadequada, pelos pacientes, para reduzir a automedicação. Também ter hospitais bem equipados, laboratórios bem equipados capaz de dar informação mais adequada faz parte da estratégia de reduzir a resistência.
No Brasil, pouquíssimos hospitais têm equipamentos para identificar exatamente qual bactéria está provocando a infecção, e o antibiótico adequado pra combatê-la. 
 
Por isso, na maioria das vezes, os médicos prescrevem com base apenas no exame clínico. E a cada vez que essa tentativa dá errado, não só as bactérias que provocam a doença, mas todas as bactérias que povoam o organismo desse paciente desenvolvem resistência ao antibiótico.
 
 
A Anvisa criou, em 2012, uma comissão para estabelecer normas e medidas para o monitoramento, o controle e a prevenção da resistência bacteriana. Mas ainda não há um laboratório para concentrar as amostras vindas de todo o país, e trabalhar no combate às superbactérias.
 
O que cada um de nós faz pode prevenir ou facilitar o surgimento das superbactérias. O que pouca gente se dá conta é que tratamento com antibiótico interrompido ou desnecessário não faz mal só para quem toma o remédio. Faz mal para todo mundo, no mundo inteiro. Porque as bactérias passam de pessoa para pessoa. Mas os primeiros prejudicados são os mais próximos. Geralmente, os que vivem na mesma casa.
 
Médico dá dicas para evitar contaminação de doenças no ambiente de trabalho
 
Mas tem gente que passa mais tempo no trabalho do que em casa. O Fantástico quer mostrar como funciona a contaminação no escritório, e para isso foi visitar um no Centro do Rio.
 
O que eles não sabem é que a gente está observando o escritório durante um dia para fazer uma experiência. E vai contar com a consultoria de um médico infectologista.
 
Ele ficou só observando, atrás de um vidro. O Gustavo, que é o chefe, é o único que sabe o que estamos fazendo. Durante o dia de hoje ele vai simular que está doente, e vamos poder ver como vírus e bactérias se espalhariam pelo escritório se uma pessoa estivesse doente de verdade.
 
De vez em quando, o Gustavo passa uma tinta invisível nas mãos. Ela faz o papel de qualquer micro-organismos: vírus ou bactérias que uma pessoa carrega quando está doente.
“Quando ele mexe no nariz, ele tem secreção. A secreção seca, mas o vírus fica ali presente. Quando ele toca nessas superfícies, esse micro-organismo que está na mão dele vai ser transferido para essa superfície”, destaca o médico infectologista Alberto Chebabo.
Ele trabalha como se fosse um dia normal, com o contato físico que é normal para ele. Pega e entrega objetos como faria todo dia. Cordial como sempre, e conectado também, como sempre.
“A mão é um dos principais fatores de transmissão”, diz o médico.
 
Até onde essa contaminação pode ter chegado?
A tinta invisível fica visível quando se acende a luz negra. E o que era só uma tinta na mão do Gustavo, se espalhou.
“Na minha máquina, o telefone, a mão dela. Estava realmente contaminando geral”, conta Gustavo, mostrando os lugares marcados pela tinta.
 
“Você toca numa outra pessoa, essa outra pessoa se contamina e ela leva esse vírus, essa bactéria pra dentro do organismo dela quando ela toca no rosto, como ele se tocou várias vezes, e principalmente na boca. É essa forma que a gente acaba se contaminando”, afirma o médico. 
O rastro de contaminação está na bancada, no computador, na pele do escritório todo.
 
Fantástico: E aquela pessoa que está no escritório, está doente uma semana, como ela faz pra ser um pouco menos inconveniente pros outros?
Alberto Chebabo: Ela não pode trabalhar. Ela vai estar tossindo, vai estar espirrando e esse vírus vai ser disseminado pelo ambiente.
 
Fantástico: Se estiver gripado pode ficar em casa?
Alberto Chebabo: Se estiver gripado a recomendação é ficar em casa. Você perde um funcionário, mas não pede o escritório inteiro.
Mulher: Se a gente utilizar o álcool em gel, isso é um fator que pode ajudar a eliminar ou pelo menos minimizar os riscos dessa contaminação?
 
Alberto Chebabo: O álcool em gel é um dos melhores aliados na briga que a gente tem em relação a essa contaminação. O álcool ele só tem uma desvantagem na questão quando a mão está suja. Não tem jeito, você tem que lavar com água e sabão.
É por isso tem que lavar a mão direito.
Passo um: lavar a palma da mão.
Passo dois: o dorso das mãos.
Passo três: ponta dos dedos e embaixo das unhas.
Passo quatro: lavar os polegares. Os dois.
Passo 5, para terminar: os punhos.
Repetindo: palma, dorso, unha, polegar e punho.
 
Lave sempre a mão antes de comer ou mexer com alimentos. E também depois de usar o banheiro. Ou depois de andar de ônibus ou de metrô, onde você pode ter encostado onde muita gente tocou.
 
Da próxima vez que aparecer alguém doente no escritório, fique de olho. Há muita coisa invisível em torno dele.
 
 
FONTE G1
 

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