Tempo entre aeroporto internacional e Emílio Ribas foi de 22 minutos. Teste para confirmar diagnóstico de ebola é feito no Pará e leva 3 semanas.
A equipe do Instituto de Infectologia Emílio Ribas fez, na tarde desta terça-feira (16), uma simulação de como seria receber um paciente com suspeita de ebola que chegasse a São Paulo pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
O objetivo foi treinar os profissionais envolvidos e cronometrar o tempo da operação. O trajeto do aeroporto até a instituição, que fica na zona oeste da capital, foi feito em 22 minutos, o que correspondeu às expectativas, de acordo com o secretário de Saúde do estado de São Paulo, David Uip. O Emílio Ribas é a instituição de referência para atendimento de possíveis casos de ebola no estado, o que significa que todo caso suspeito identificado em São Paulo deve ser encaminhado para lá.
A recepção do paciente com suspeita de ebola deve ser feita pelo Grupo de Resgate a Urgência e Emergências (GRAU), equipe composta por bombeiros, médicos e enfermeiros. Na simulação desta tarde, o grupo transportou o “paciente” dentro de uma maca bolha, que isola a vítima dentro de uma redoma de plástico. O trajeto do aeroporto até o instituto foi feito por uma unidade avançada de resgate.
Chegando à instituição, o paciente foi levado até um leito de isolamento na UTI do hospital. Trata-se de um quarto com pressão negativa, o que significa que o ar que circula nesses quartos é tratado antes de sair. Ao todo, há 17 leitos de isolamento na instituição. Os profissionais do GRAU também usaram trajes especiais, que impedem a contato com os fluidos corporais do paciente, responsáveis pela transmissão da doença.
Para Uip,é “pouco provável” que casos de ebola cheguem ao país. “Podem existir casos de expatriados brasileiros que trabalhem no exterior e eventualmente possam se contaminar e vir principalmente para o estado de São Paulo. A despeito de a possibilidade ser remota, ela existe e para isso estamos absolutamente preparados”, disse o secretário em coletiva de imprensa após a simulação.
Teste pode levar até três semanas
O teste para confirmar o diagnóstico de ebola, chamado PCR, pode levar até três semanas para ficar pronto, de acordo com o médico Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor do Emílio Ribas. No Brasil, o Instituto Evandro Chagas, em Belém, é o único habilitado para receber as amostras de sangue dos pacientes e inativar o vírus. Depois desse procedimento, a amostra ainda é enviada para os Estados Unidos, para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
“Há uma exigência na hora de se manipular um vírus como o ebola de um nível de isolamento que chamamos de “classe 4″. A manipulação do vírus tem que ser feita em um laboratório apropriado, por isso o diagnostico de PCR pode ser feito em Belém”, diz Pereira Júnior.
Segundo o secretário David Uip, esse longo período até o diagnóstico não retardaria o tratamento. “O diagnóstico de certeza é secundário ao diagnóstico presumido, que se faz associando a origem do paciente e as manifestações clínicas e exames laboratoriais inespecíficos. Com esse conjunto, você presume e trata como se fosse ebola”, diz. Ele acrescenta que como não existe um medicamento específico para ebola, o que é importante no tratamento é o suporte à vida.
Epidemia
Nesta terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a epidemia de ebola é uma crise “sem paralelos em tempos modernos” e afirmou que é necessário US$ 1 bilhão ou mais para conter a crise que atinge a África Ocidental.
Segundo a agência das Nações Unidas, 2.461 pessoas morreram pela doença e há 4.985 contaminados.
De acordo com Bruce Aylward, da OMS, a expectativa inicial é que 20 mil pessoas sejam atingidas pela doença se ocorrer uma resposta rápida para isso. “Essa crise de saúde que estamos enfrentando é incomparável”, afirmou.
globo.com
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